domingo, 25 de novembro de 2012

Invincible






Quando pensava que as coisas não poderiam ficar piores...
O dia de Nick Gautier continua a ficar cada vez melhor. Sim, ele sobreviveu um ataque zombie apenas para se deparar com um mundo de metamorfos e demónios que querem a sua alma.
O novo director é ainda pior que o anterior, o seu treinador está a tentar recrutá-lo para tarefas que nem pode mencionar e a rapariga com quem não está a namorar, mas está, esconde segredos que o aterrorizam.
Mas ainda não é tudo, está a ser treinado por uma força aterradora e se ele não aprende a reviver os mortos até o fim da semana passa a ser um deles..









Excerto do livro:


Dizem que quando estás prestes a morrer toda a tua vida passa-te diante dos teus olhos.
É mentira.
A única coisa que Nick Gautier conseguia ver eram as presas de vampiro de Kyrian. Aquela visão horrenda paralizou-o nas elegantes escadas de mogno da mansão de estilo antigo de Kyrian.
Vou morrer…
Outra vez.
Sim, desde que ele tentou ir à escola à vinte e duas horas atrás ele deparou-se com o director da escola a ser comido por um zombie, tudo e o seu irmão estavam atrás dele.
Agora o seu patrão era um maldito vampiro.
Era de esperar. Lá se ia o seu salário! A não ser que o diabo o pudesse descontar ele nunca veria um cêntimo. Este dia nunca mais acabava? Meu, neste momento, a única coisa que está acabada és tu. Este pensamento arrancou da neblina que tinha tomado de assalto a sua cabeça e tirou-o do estado de transe.
Corre, meu, corre!
Não podia descer porque era onde Kyrian estava. O único lugar onde podia fugir era para o piso de cima, atrás da sua mãe que já estaria no quarto que o Kyrian os tinha oferecido para pernoitarem. Ela estava completamente absorta do facto de estarem em perigo mortal e que o seu sangue estava preste a ser sugado. Ele virou-se para avisá-la.
“Nick! Espera!”
Esperem, meus glúteos. O Vampiro estava com falta de sangue e achava que o Nick não riria oferecer resistência.
Sou demasiado novo, esperto e bonito para morrer. E mais ainda, ele ainda precisa de uns anos para deixar a genética fazer o seu trabalho. Sem mencionar que aos catorze anos ainda não tinha tido o seu primeiro encontro. Só hoje é que tinha dado o seu primeiro beijo. Ele deveria ter percebido que esse era o sinal do apocalipse e que a sua morte era iminente.
Assim que se aproximou do topo das escadas, Kyrian saltou do andar de baixo e apoiou-se no corrimão brilhante aterrando graciosamente à sua frente, impedindo a sua fuga. Os olhos negros de Kyrian brilharam nas sombras. Vestido totalmente de preto e com um metro de oitenta de altura, Kyrian tinha uma aparência letal apesar de ter caracóis loiros.
Não havia maneira de passar por ele.
Oh não…
Nick derrapou até parar. O que iria fazer? A sua mãe estava no quarto que se encontrava à alguns metros de Kyrian. Gritaria mas a última coisa que queria era que Kyrian a matasse também. Se ficasse quieto talvez o Kyrian só o drenasse a ele.
“Não é o que estás a pensar, Nick.”
Pois, claro.
“Eu penso que és um vampiro demoníaco que me vai sugar até a tutano. É isso que penso.”
Antes que pudesse piscar os olhos, Kyrian agarrou-o na parte de trás do pescoço com um aperto mortal. Ele queria lutar mas era tão indefeso quanto um cachorro a ser carregado pela sua mãe. Com a força desumana que se espera de um imortal, Kyrian arrastou-o para longe do quarto temporário da mãe e enfiou-o dentro do seu escritório no piso superior.
Como o resto da casa, as cortinas tapavam totalmente as janelas para impedir que o sol espreitasse. Isso deveria ter avisado-o de que ele era um ghoul. A madeira escura misturava-se bem com as paredes verdes escuras.
Sem diminuir o passo, Kyrian atirou-o para a cadeira de cabedal.
Quanto tentou fugir, Kyrian puxou-o para dentro da sala. “Pára quieto durante um minuto e ouve. Sei que estou a pedir-te o impossível mas por uma vez na tua vida cala a boca e ouve.”
“Não sou eu que estou a falar.”
Kyrian encarou-o.
“ Não te armes em esperto.”
“Preferes que seja estúpido?”
“Nick...”
Nick ergueu as mãos em rendição.
“ Muito bem, apenas não comas a minha mãe ok? Ela já teve uma vida suficientemente má. Não precisa de se transformar na noiva do Drácula.”
“Eu não bebo sangue.”
Nick arqueou a sua sobrancelha.
“ Pois, claro.”
“ Pois, claro. Eu não bebo sangue. Eu não sou um vampiro.”
Isto vindo de alguém com caninos estranhamente longos?
“Então como explicas o teu peculiar problema dentário? E nem tentes dizer-me que são falsos, sr. Fatos Armani e carros caros, porque não és do tipo de ter nada falsificado e isso também indica que tens dinheiro mas que suficiente para arranjá-los. Sem mencionar o facto de não saíres durante a luz do dia e como é que deste aquele salto ninja se não és um morto-vivo?
“Eu sou dotado.”
“E eu já fui.”
Nick tentou escapulir-se outra vez e novamente Kyrian forçou-o a quase deitar-se na cadeira e a ouvi-lo.
“Sabes a verdade sobre o Acheron e aceitaste-o. Porque não confias em mim?”
Acheron Parthenopaeus era um gigante imortal... ou qualquer coisa do género. Mas mesmo assim, ele foi mais do que simpático para com Nick e a sua mãe. E mais importante ainda...
“Ele não tem presas.”
“Claro que tem. Ele é apenas melhor a escondê-las. E é o meu patrão.”
Nick estava preste a protestar mas aquilo até fazia sentido de uma forma esquisita. Ash tinha mais de onze mil anos e tinha parecido um amigo peculiar para Kyrian ter. Mas se o gigante imortal era o patrão de Kyrian...
Isso explicava tudo.
Ainda assim, Nick não era um idiota e não aceitava tudo o que as pessoas lhe diziam. Tanto quanto sabia, Kyrian poderia estar a mentir com todos os dentes que tinha a boca, incluindo o par de presas afiado.
“Qual é a tua função?”
“Protejo pessoas.”
“Salvar pequenos arruaceiros que estão a ser espancados até à morte por pessoas que eram supostamente suas amigas?”
Por exemplo, eu alvejado pelo Alan e pontapeado no chão pelo Tyree e o Mike algumas semanas antes. Foi esse acontecimento que me levou a conhecer Kyrian e a trabalhar em part-time para ela após a escola.
Kyrian inclinou a cabeça para ele.
“Exactamente.”
Nick relaxou um pouco enquanto se lembrava o quanto devia a Kyrian. Se não fosse por ele, estaria morto agora mesmo.
“Então não vais atacar a minha mãe ou sugar-me o sangue?”
“Credo, não. Não preciso de uma indigestão. Já me deste uma enorme dor de cabeça hoje. Não preciso de mais nenhuma.”
Nick sentou-se melhor na cadeira e olhou para ele. Se Kyrian o quisesse mesmo matar já tinha tido imensas oportunidades para o fazer. Em vez disso, protegeu-os e permitiu que passassem a noite na sua mansão.
“Se queres saber o termo correcto, sou um Predador da Noite.”
Nick digeriu aquela informação devagar.
“O que é que significa? Caças à noite?”
“Sim, Nick. É exactamente isso que faço. Sabia que chegarias lá.”
Ora aí estava um sarcasmo que se podia cortar à faca. Nick não estava divertido com a situação.
“Vais explicar-me ou não?”
“Somos guerreiros imortais que vendemos a nossa alma à deusa Artémis. Por ela, lutamos e protegemos a humanidade de qualquer coisas que a persiga na noite e que a tente atacar. Na maior parte das vezes significa que seguimos e matamos Daimons.”
“Que são?”
“Vou facilitar-te a vida e relacionar com termos que entendas. São vampiros que vivem das almas humanas. Em vez de sangue, arrancam a alma de alguém e absorvem-na mas logo que entra no corpo deles, a alma começa a murchar e morre. Temos de matar os Daimons antes que a alma desapareça de vez.”
“Não percebo. Porquê a alma?”
Kyrian encolheu os ombros.
“É o que os nutre. Têm de manter uma alma viva dentro deles ou morrem.”
Isso era horrível. Tanto para eles quanto para as pessoas que eram mortas.
“Como é que tiram as almas?” - perguntou Nick.
“Não sei. Perguntei uma vez isso ao Acheron e ele recusou-se a responder. Ele é bom nisso.”
“Então ele ensinou-te isso?”
Kyrian sorriu abertamente mostrando as suas presas.
“Sim, ensinou-me.”
“Dou-te um A+ então.”
Kyrian inclinou a cabeça, observando-o como se esperasse que Nick voltasse a fugir.
“Estamos bem então?”
Nick considerou a questão. Ele deveria estar mortificado e a correr pela porta fora mas Kyrian tinha estado lá por ele. Combateu os zombies e protegeu os seus amigos hoje. Abriu a porta da sua casa para acolher a mãe do Nick.
Ele parecia ser bom...



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