Quando pensava que as coisas não poderiam ficar piores...
O dia de Nick Gautier continua a ficar cada vez melhor. Sim, ele sobreviveu um ataque zombie apenas para se deparar com um mundo de metamorfos e demónios que querem a sua alma.
O novo director é ainda pior que o anterior, o seu treinador está a tentar recrutá-lo para tarefas que nem pode mencionar e a rapariga com quem não está a namorar, mas está, esconde segredos que o aterrorizam.
Mas ainda não é tudo, está a ser treinado por uma força aterradora e se ele não aprende a reviver os mortos até o fim da semana passa a ser um deles..
Excerto do livro:
Dizem que quando estás
prestes a morrer toda a tua vida passa-te diante dos teus olhos.
A única coisa que Nick
Gautier conseguia ver eram as presas de vampiro de Kyrian. Aquela
visão horrenda paralizou-o nas elegantes escadas de mogno da mansão
de estilo antigo de Kyrian.
Vou morrer…
Outra vez.
Sim, desde que ele tentou
ir à escola à vinte e duas horas atrás ele deparou-se com o
director da escola a ser comido por um zombie, tudo e o seu irmão
estavam atrás dele.
Agora o seu patrão era
um maldito vampiro.
Era de esperar. Lá se ia
o seu salário! A não ser que o diabo o pudesse descontar ele nunca
veria um cêntimo. Este dia nunca mais acabava? Meu, neste momento,
a única coisa que está acabada és tu. Este pensamento arrancou da
neblina que tinha tomado de assalto a sua cabeça e tirou-o do estado
de transe.
Corre, meu, corre!
Não podia descer porque
era onde Kyrian estava. O único lugar onde podia fugir era para o
piso de cima, atrás da sua mãe que já estaria no quarto que o
Kyrian os tinha oferecido para pernoitarem. Ela estava completamente
absorta do facto de estarem em perigo mortal e que o seu sangue
estava preste a ser sugado. Ele virou-se para avisá-la.
“Nick! Espera!”
Esperem, meus glúteos. O
Vampiro estava com falta de sangue e achava que o Nick não riria
oferecer resistência.
Sou demasiado novo,
esperto e bonito para morrer. E mais ainda, ele ainda precisa de uns
anos para deixar a genética fazer o seu trabalho. Sem mencionar que
aos catorze anos ainda não tinha tido o seu primeiro encontro. Só
hoje é que tinha dado o seu primeiro beijo. Ele deveria ter
percebido que esse era o sinal do apocalipse e que a sua morte era
iminente.
Assim que se aproximou do
topo das escadas, Kyrian saltou do andar de baixo e apoiou-se no
corrimão brilhante aterrando graciosamente à sua frente, impedindo
a sua fuga. Os olhos negros de Kyrian brilharam nas sombras. Vestido
totalmente de preto e com um metro de oitenta de altura, Kyrian
tinha uma aparência letal apesar de ter caracóis loiros.
Não havia maneira de
passar por ele.
Oh não…
Nick derrapou até parar.
O que iria fazer? A sua mãe estava no quarto que se encontrava à
alguns metros de Kyrian. Gritaria mas a última coisa que queria era
que Kyrian a matasse também. Se ficasse quieto talvez o Kyrian só o
drenasse a ele.
“Não é o que estás a
pensar, Nick.”
Pois, claro.
“Eu penso que és um
vampiro demoníaco que me vai sugar até a tutano. É isso que
penso.”
Antes que pudesse piscar
os olhos, Kyrian agarrou-o na parte de trás do pescoço com um
aperto mortal. Ele queria lutar mas era tão indefeso quanto um
cachorro a ser carregado pela sua mãe. Com a força desumana que se
espera de um imortal, Kyrian arrastou-o para longe do quarto
temporário da mãe e enfiou-o dentro do seu escritório no piso
superior.
Como o resto da casa, as
cortinas tapavam totalmente as janelas para impedir que o sol
espreitasse. Isso deveria ter avisado-o de que ele era um ghoul. A
madeira escura misturava-se bem com as paredes verdes escuras.
Sem diminuir o passo,
Kyrian atirou-o para a cadeira de cabedal.
Quanto tentou fugir,
Kyrian puxou-o para dentro da sala. “Pára quieto durante um minuto
e ouve. Sei que estou a pedir-te o impossível mas por uma vez na tua
vida cala a boca e ouve.”
“Não sou eu que estou
a falar.”
Kyrian encarou-o.
“ Não te armes em
esperto.”
“Preferes que seja
estúpido?”
“Nick...”
Nick ergueu as mãos em
rendição.
“ Muito bem, apenas não
comas a minha mãe ok? Ela já teve uma vida suficientemente má. Não
precisa de se transformar na noiva do Drácula.”
“Eu não bebo sangue.”
Nick arqueou a sua
sobrancelha.
“ Pois, claro.”
“ Pois, claro. Eu não
bebo sangue. Eu não sou um vampiro.”
Isto vindo de alguém com
caninos estranhamente longos?
“Então como explicas o
teu peculiar problema dentário? E nem tentes dizer-me que são
falsos, sr. Fatos Armani e carros caros, porque não és do tipo de
ter nada falsificado e isso também indica que tens dinheiro mas que
suficiente para arranjá-los. Sem mencionar o facto de não saíres
durante a luz do dia e como é que deste aquele salto ninja se não
és um morto-vivo?
“Eu sou dotado.”
“E eu já fui.”
Nick tentou escapulir-se
outra vez e novamente Kyrian forçou-o a quase deitar-se na cadeira e
a ouvi-lo.
“Sabes a verdade sobre
o Acheron e aceitaste-o. Porque não confias em mim?”
Acheron Parthenopaeus era
um gigante imortal... ou qualquer coisa do género. Mas mesmo assim,
ele foi mais do que simpático para com Nick e a sua mãe. E mais
importante ainda...
“Ele não tem presas.”
“Claro que tem. Ele é
apenas melhor a escondê-las. E é o meu patrão.”
Nick estava preste a
protestar mas aquilo até fazia sentido de uma forma esquisita. Ash
tinha mais de onze mil anos e tinha parecido um amigo peculiar para
Kyrian ter. Mas se o gigante imortal era o patrão de Kyrian...
Isso explicava tudo.
Ainda assim, Nick não
era um idiota e não aceitava tudo o que as pessoas lhe diziam. Tanto
quanto sabia, Kyrian poderia estar a mentir com todos os dentes que
tinha a boca, incluindo o par de presas afiado.
“Qual é a tua função?”
“Protejo pessoas.”
“Salvar pequenos
arruaceiros que estão a ser espancados até à morte por pessoas que
eram supostamente suas amigas?”
Por exemplo, eu alvejado
pelo Alan e pontapeado no chão pelo Tyree e o Mike algumas semanas
antes. Foi esse acontecimento que me levou a conhecer Kyrian e a
trabalhar em part-time para ela após a escola.
Kyrian inclinou a cabeça
para ele.
“Exactamente.”
Nick relaxou um pouco
enquanto se lembrava o quanto devia a Kyrian. Se não fosse por ele,
estaria morto agora mesmo.
“Então não vais
atacar a minha mãe ou sugar-me o sangue?”
“Credo, não. Não
preciso de uma indigestão. Já me deste uma enorme dor de cabeça
hoje. Não preciso de mais nenhuma.”
Nick sentou-se melhor na
cadeira e olhou para ele. Se Kyrian o quisesse mesmo matar já tinha
tido imensas oportunidades para o fazer. Em vez disso, protegeu-os e
permitiu que passassem a noite na sua mansão.
“Se queres saber o
termo correcto, sou um Predador da Noite.”
Nick digeriu aquela
informação devagar.
“O que é que
significa? Caças à noite?”
“Sim, Nick. É
exactamente isso que faço. Sabia que chegarias lá.”
Ora aí estava um
sarcasmo que se podia cortar à faca. Nick não estava divertido com
a situação.
“Vais explicar-me ou
não?”
“Somos guerreiros
imortais que vendemos a nossa alma à deusa Artémis. Por ela,
lutamos e protegemos a humanidade de qualquer coisas que a persiga na
noite e que a tente atacar. Na maior parte das vezes significa que
seguimos e matamos Daimons.”
“Que são?”
“Vou facilitar-te a
vida e relacionar com termos que entendas. São vampiros que vivem
das almas humanas. Em vez de sangue, arrancam a alma de alguém e
absorvem-na mas logo que entra no corpo deles, a alma começa a
murchar e morre. Temos de matar os Daimons antes que a alma
desapareça de vez.”
“Não percebo. Porquê
a alma?”
Kyrian encolheu os
ombros.
“É o que os nutre. Têm
de manter uma alma viva dentro deles ou morrem.”
Isso era horrível. Tanto
para eles quanto para as pessoas que eram mortas.
“Como é que tiram as
almas?” - perguntou Nick.
“Não sei. Perguntei
uma vez isso ao Acheron e ele recusou-se a responder. Ele é bom
nisso.”
“Então ele ensinou-te
isso?”
Kyrian sorriu abertamente
mostrando as suas presas.
“Sim, ensinou-me.”
“Dou-te um A+ então.”
Kyrian inclinou a cabeça,
observando-o como se esperasse que Nick voltasse a fugir.
“Estamos bem então?”
Nick considerou a
questão. Ele deveria estar mortificado e a correr pela porta fora
mas Kyrian tinha estado lá por ele. Combateu os zombies e protegeu
os seus amigos hoje. Abriu a porta da sua casa para acolher a mãe do
Nick.
Ele parecia ser bom...
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